Esse gigante chamado Brasil
“O Brasil acordou”
É o que tenho ouvido o dia todo quase que como um novo clichê.
As manifestações que tomam conta das principais capitais do país, tiveram
início após o anúncio do aumento das passagens. Verdade é que o governo até tentou minimizar o impacto, através da redução dos impostos para as
empresas de transporte público. Não por interesse em ajudar o povo, mas para fazer com que os índices de inflação não sofressem muito por mais um aumento de preços na cesta de produtos de consumo popular.
A partir daí, as manifestações começaram em números pequenos e, apesar de
dividirem opiniões, estão ganhando força a cada dia. Creio que a resposta
agressiva e repressora da polícia no primeiro momento, apitada, claro, pelos governantes, serviu
para ascender ainda mais um sinal de alerta. Isso porque numa sociedade democrática,
as manifestações são direito do cidadão e a polícia está aí para defender estes direitos, desta forma, deveria assegurar que as passeatas e movimentos
ocorressem de forma ordeira.
Os vândalos infiltrados no movimento ajudaram a distorcer o
cunho pacífico que as manifestações objetivavam ter e acabaram, indiretamente,
ajudando a justificar a reação desproporcional da polícia (me empresto de mais um novo clichê recente).
Porém, no meio desta suposta revolução, há várias nuances que devem ser consideradas, as quais quero tentar pontuar
da melhor maneira possível. A maior parte das ideias que trago aqui são
apropriações de algum discurso de terceiros e nem sei exatamente quem foram os
autores, mas vale o debate.
Política e o Direito Genuíno
Havia sim grande apelo político quando essas manifestações
começaram. Diz-se o tempo inteiro que os jovens saíram do Facebook, mas eu que
sou heavy user de internet e redes
sociais, só comecei a ver articulações online depois das primeiras manifestações.
Dito isso, temos que lembrar que as lideranças sindicais deste país estão
atreladas ao PT (em sua maioria, pelo menos), logo, também não foram eles que iniciaram o movimento. Lideranças
de bairro?! Muito pouco provável. Liderança estudantil pode até ser, mas,
novamente, teria sido um enxame de imagens compartilhadas no Facebook e no
Twitter (podem me corrigir se alguém aí tiver registro de articulação aberta e
popular até a quarta passada. Como estou em BH e os protestos chegaram aqui
depois, pode ser que eu não tenha visto).
Agora, creio que dada à notoriedade dos fatos e da resposta
ineficaz de nossos governantes, o movimento vem ganhando aliados de todos os
cantos, ficando mais forte. Dessa vez sim, com pessoas instruídas e,
portanto, melhor articuladas. A briga sobre os 0,20 já virou coadjuvante no
rompante de revolta que parece estar assolando os jovens deste país. Hoje também
tenho visto as incansáveis correntes de compartilhamento 'facebuquianas'. Os jovens lançam mão de suas ferramentas.
Ouvi várias pessoas dizendo “o mundo está com os olhos
voltados para cá. A hora de protestar é agora”. Não entendi. Querem as famosas
mudanças “para inglês ver”? Não aprenderam pela onda recente de revoluções em
países asiáticos que quem faz a mudança é o povo que compõe aquela nação? Não.
Nem a ONU nem o Obama vai vir ajudar. Essa onda tem que continuar com ou sem evento, com ou sem imprensa internacional cobrindo.
Dito isto, apresento uma das opiniões que ouvi numa rádio local. Será que faz sentido tocar o terror agora? Estamos
vivendo o prelúdio de uma série de eventos esportivos que acontecerão no país. As
estruturas para receber estes eventos já estão prontas, logo, protestar contra
Copa agora é um pouco tarde. Deveria ter acontecido antes da construção dos estádios
e de todo investimento ora imobilizado nas mais diversas obras de
infra-estrutura e nos bolso dos corruptos (sim, eles já levaram o deles faz
tempo).
Afastar o turismo daqui só agrava a situação. Se o país não
tiver o giro esperado em seus hotéis, bares, restaurantes e lojas locais, os
primeiros a levar tinta serão os empresários e os investidores e, logo atrás na
fila, o cidadão de bem que precisa do emprego que vai deixar de existir dado a
falta de demanda.
Polícia é composta por cidadãos, não por ET's ou políticos
A polícia acabou sendo a grande vilã dos manifestos. Fala-se
dela até mais que do próprio governo. Diante das ações violentas da polícia e
a separação que se tem feito dela para os demais cidadãos, faz parecer que a força policial é um terceiro fator que não se enquadra em população nem em poder político. Engraçado, porque
eles são tão cidadãos quanto aqueles que protestam, dependem da misericórdia do
governo para alcançar condições melhores de trabalho e um salário justo.
Por isso, é esquisito quando os manifestantes acham que eles
são inimigos e a situação atual até faz lembrar daquele segundo Tropa de Elite, em que se mostrava um
cenário no qual a polícia é pau mandado de governo e faz o que precisa fazer
para não ser exonerado. Em caso de algumas manifestações mais violentas, faz o
que precisa fazer para não ser linchado.
Enfim, a polícia deve manter a ordem e agir com energia em relação a vândalos, saqueadores e outros marginais que tem se imiscuído aos protestantes e idealistas desse movimento. Não devem jamais abusar do seu poder e agir de forma agressiva ou injusta em relação àquelas que estão ali os representando também. A população por sua vez deve respeitar as autoridades, não os atacando e infernizando o dia de trabalho daqueles que só pretendem lhes garantir a segurança.
Digo Sim aos Protestos
Concordo com protestos sim, por um país mais justo, igualitário,
com oportunidades. Penso que os grandes dois problemas do nosso país são a
corrupção (integrada a alta carga tributária que vigora tão somente para sustentar esses políticos canalhas e corruptos) e educação. Se não fôssemos extorquidos a cada simples
aquisição, através da retenção média de 38% de impostos, a vida seria imensamente melhor. E se tivéssemos educação para
fazermos o país crescer como uma nação, o resto dos problemas seria solucionado.
Por isso acho a luta justa sim, mas precisa ser mais
elaborada. Devemos exigir a redução da carga tributária e a redução do custo da
máquina. Devemos nos unir aos professores e exigir melhores condições de
trabalho, salários dignos e uma escola eficaz no seu papel de ensinar. Com cidadãos instruídos, conscientes na hora de votar, bons administradores dos seus recursos, tenho certeza que a saúde virá, o transporte melhorará e o povo será mais próspero.
Devemos lutar por produtos internos mais competitivos, para
não vermos nossas indústrias esmagadas pela importação. E isso é pra já. Do
contrário, iremos ver a crise das indústrias de base (que nos últimos três anos
teve crescimento negativo) se alastrar por outras ramificações da economia e
gerar uma crise generalizada, cheia de desempregos e faltas.
É para essa realidade que digo #AcordaBrasil
Segue uma miscelânea de links e opiniões:
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