Cultura do Estupro

O blog ficou encostado por muito tempo pelo mesmo motivo que todos os blogs ficam largados: a vida! As demandas surgem, as coisas acontecem e é preciso se concentrar nelas. Mas, este é um lugar de expressão pessoal e reflexões, por isso interrompo meu silêncio para comentar a notícia do estupro coletivo de uma garota de 16 anos.

O tema tem gerado grande comoção nas redes sociais (claro). Aparentemente, lá é o lugar de comoção, embora eu não tenha conseguido perceber mudanças sociais significativas a partir das bravatas de Facebook. De toda forma, observei que as pessoas que decidiram compartilhar textos contra o estupro ou colocar arte na foto de perfil " Eu luto contra a cultura do estupro" são 100% mulheres. Não vi nenhum homem, nem dos modernos, intelectuais, auto denominados feministas, gays, nenhum deles, repudiando o ato bárbaro do estupro coletivo e ainda o compartilhamento das imagens deste. (Editado: Depois de três dias, apareceram uns gatos pingados).

A partir disso, percebo que o buraco é mais embaixo. Para toda a sociedade. Pergunto-me quantas de nós, mulheres, de fato já sofreu violência. Imagino que o número seja enorme, mas não falamos disto por vergonha, medo de carregar uma marca, desconforto, porque lembrar dessas coisas nos enjoa o estômago, por dor, sofrimento e trauma. Algumas de nós nem consegue perceber que aquela "relada" desrespeitosa em espaços públicos, por exemplo, é assédio, é violência física e psicológica. Muitas de nós ainda acham muito tranquilo dizer "ah! aquele cara é tarado", sem entender que esse "tarado" não é só alguém que pensa em sexo o dia todo ou é fã de filmes pornô, esse tarado é o possível agressor da sua filha, se assim deixarmos a situação permanecer.

E aqui estou eu em bravatas também. Em discurso retórico, certo? Faço isso, no entanto, porque acredito que todas as mulheres precisam desenvolver consciência sobre a identidade desses atos de agressão, porque quando isso for claro para nós e tomarmos medidas de repressão contra tais atos, talvez os atores comecem a se sentir reprimidos, entendam que há consequência e que mulher não é pandeiro de escola de samba, não! Como seres sociais integrados em uma democracia, a única forma de fazer é denunciando, denunciando, denunciando! Não podemos nos calar, pois o silêncio faz a manutenção dos atos de violência.

Por favor, se algo desse tipo aconteceu com você, comece conversando com alguém que você confia e, quando estiver pronta, vá a polícia. Eu sei que lá você também pode encontrar um ambiente machista e de coação, mas seja corajosa, vá! Isso é lutar contra a cultura do estupro, botar arte na foto não põe na cadeia estuprador nenhum. É difícil sim se reerguer, afastar a memória, deixar de sentir na pele o peso da mão do outro, mesmo quando só ficaram cicatrizes, mas seja forte! É na força de pessoas como você e eu que a repulsiva cultura do estupro pode ter seu declínio.


Alcançando aquelas metas de ano novo de uma vez por todas!



Eu comprei um planner lindo para 2016. Personalizado, colorido, cheio de coisinhas e acessórios fofos. Foi um presente que me dei já que sou apaixonada por papelaria. Pensei que com duas agendas, uma para trabalho e outra para organizar minha vida pessoal, eu conseguiria resolver todas as pendências da vida.

Ver as metas de 2016 caminharem me parecia ser um caso exclusivo de organização e planejamento. Assim, comecei a planejar a semana freneticamente, anotando nas duas agendas e no celular. Desde atividades básicas que eu queria encaixar naquela semana até compromissos inadiáveis, que teriam que estar em todos os lugares e ainda despertar uma hora antes, just in case.

Mas a vida, você sabe, acaba sempre com nossas ilusões, nossos desejos de simplicidade e de felicidade instantânea. Logo nesse comecinho de ano, em que todo um arsenal de planos estava preparado para fazer mil coisas acontecerem, os imprevistos vieram em cascata. Ora, um ente querido hospitalizado, ora um atravanco inimaginável se desenrolando e impedindo o andar normal das minhas atividades profissionais. E aí que do bem planejado pouco de fato tomou forma.

Percebi, então, que não é pura questão de organização e quisera eu que fosse ainda uma questão de vontade de fazer. É mesmo um lance como o discurso icônico de Rocky Balboa “Você, eu, ninguém vai bater tão forte como a vida, mas não se trata de bater forte. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando”.

Sei que parece clichê e se seu estômago deu uma embrulhada aí, me desculpa! Mas não basta planejar e esperar as condições perfeitas para que as coisas aconteçam, não basta escrever seus alvos para poder visualizá-los, criar um painel, dizer frases afirmativas ou pensar positivo. O que faz alguma coisa acontecer de fato é uma força motriz dentro de nós que passa por cima dos imprevistos e adversidades. É quando você faz o que deve ser feito mesmo quando não está com vontade ou que os outros te digam que esse ano não é bom pra isso. Os alvos do ano aparecem quando nós, teimosamente, largamos a vontade de procrastinar de lado e nos recusamos a sucumbir àquele sentimento de não fazer porque hoje não está a fim.


Por isso, desejo que 2016 seja um ano bom, feliz, com realizações, apesar de qualquer circunstância!

Gosta da ideia do planner também? Veja esse e outros planners fofos aqui.

I heart tattoo: balões II

Quem nunca quis fazer um passeio de balão? Creio que poucas imagens não mais lúdicas, calmas e pacificadoras do que a de um balão e sua cestinha. Vão aqui várias imagens e ideias para quem tem vontade de marcar essas sensações na pele. 

Tattoo Balloon

Tattoo Balloon


Tattoo Balloom


Tattoo Balloon

Tattoo Balloon

Tattoo Balloon

Tattoo Balloon

Tattoo Balloon

Tattoo Balloon

Imagens daqui e daqui.

Tchau, Carnaval! II


Sempre que entra o mês de março me bate a sensação de que o ano ficou velho e o que aconteceu nos primeiros dois meses dele vai dar a tônica dos outros 10 meses. Que esquisitice isso, né? Por achar tão estranho que decidi reparar se é luxo meu essa mania de fazer marcações temporais acreditando que tudo na vida tem prazos e deadlines e uma vez não cumpridos, acabou-se o que era doce. Parece que tem mais gente nessa viagem.

Essa ideia fixa de tempo determinado para as etapas da vida e acompanhada da mania de acreditar que o que é dificilmente será mudado vem, talvez, de toda uma cronologia estabelecida pela sociedade que pesa ainda mais para a mulher. É que a gente passou a vida toda acreditando que precisava resolver os assuntos inerentes ao nosso ser, nossa persona, em 30 anos. Depois disso, péééém, o tempo acaba! A fase muda, e daí você passa a ter a obrigação de se dedicar a uma terceira pessoa. Uma pessoinha, chamada filho.

Se estamos no limiar dos 30, a vida fica corrida e muda de perspectiva. Tem que se conquistar tudo rápido, em fevereiro as metas do ano tem que estar cumpridas, a lista de conquistas já tem que ter pelo menos oito novos itens. Agora se você tem 18 anos, pode dizer que o melhor de 2014 até agora foi ter descoberto uma cera de mel que faz sua depilação durar muito mais e ficar com a consciência sossegada, sabendo que ainda tem muita coisa legal por vir.

Além do tempo, o que parece ter toda uma nova significação nessa história de idade é o dinheiro. Dinheiro aos 20 anos é dinheiro. Grana para gastar no shopping, chance de ir para balada boa e a oportunidade de acompanhar a galera na hora de comer um negócio mais elaborado. Dinheiro aos 30 é sinônimo de sucesso, do que você se tornou, a medida para saber se você chegou lá ou não.

Digo essas coisas porque convivo com tanta gente que pensa assim. É tanta gente que os fatos acima apontados poderiam ter sido constatados por um instituto de pesquisa bem chique, de uma universidade americana.


Esses conceitos retrógrados precisam ser abandonados já. Vivemos uma sociedade que está melhorando, embora a gente nem sempre veja assim. Há pouco tempo, nossos pais viveram ditaduras, o mundo era cheio de limitações, regras e cerceamentos que estão sendo abolidos científica e filosoficamente. 

Em outras palavras, podemos ter filhos aos 40, se quisermos, podemos começar um novo negócio ou um novo curso superior aos 60. Podemos ser plenamente felizes levando uma vida simples, sem muito luxo mas com mais tempo. Esse é o melhor momento para se ser tudo aquilo que a gente sempre quis ser!

Tchau, Carnaval!

Já cansei de ouvir que, no Brasil, o ano começa depois do carnaval. Quando era criança não entendia, porque não tinha férias até o carnaval. Meus professores também não deixavam de dar tarefas até o carnaval, era vida normal a partir de fevereiro.

Aí a gente cresce, tenta engrenar com essa história de ser adulto e descobre que, em certos momentos, as crianças conseguem ser mais sábias e, quem diria, até mais responsáveis que nós. Elas não conseguem ficar em stand by por meses...

Mas agora, enfim, o carnaval passou e é hora de voltar para os eixos. Enquanto a vida seguia devagar, eu fui consumindo coisas boas que achei no caminho. Uma delas, bastante carnavalesca, por sinal, foi esse ensaio de mascarados da Louis Vuitton. A chamada dizia que eram convidados misteriosos para um baile de máscaras. Tão lúdico!















Vocês já tinham visto? Eu vi aqui. Muito lindo!

Com a cabeça no natal

O tempo anda super instável aqui em BH. Alguns dias foram de chuva, chá, TV e ficar dentro de casa. Outros foram de sol, passeio pelo bairro com os cachorrinhos e muito frozen yogurt. Mas todos esses dias só me fizeram pensar que o fim do ano se aproxima voando.

Sou aquele tipo de pessoa... O tipo que decora a casa para o natal e ama todas aquelas luzes. O tipo que faz mil retrospectivas e planos para o futuro. Todo começo de ano, acredito que aquele vai ser o melhor ano da minha vida e, de fato, cada um tem sido melhor que o outro.  Talvez seja por isso que as decorações de natal me empolgam tanto. Pela ideia dessa ideia de renovação e esperança, mas também das divertidíssimas memórias de infância que tenho. Minha mãe é outra louca por natal, que sempre decorou toda nossa casa, então tenho a quem puxar com certeza.

Esse ano quero continuar a tradição aqui de casa de decorações rosa e lilás. Vi essas ideias pela internet a fora e já fui guardando pra usar de inspiração.


Fontes da esquerda para direita 1 2 3 4 5 


Quando se é rascunho

Tenho essa mania de fazer rascunho para tudo, antes de fazer o de verdade. Seria um tipo de perfeccionismo? Isso de tentar melhorar o negócio antes de considerá-lo o produto final e definitivo? Prefiro acreditar que é prudência, cuidado. Odeio esse lance de perfeccionismo. É uma característica que parece bonita de começo, mas é bem idiota no final.

De toda forma, eu faço rascunhos, esboços. Faço cálculos no verso das provas como se os escrevendo no espaço certo e depois apagando várias vezes, eu fosse macular aquele quadrinho branco que só serve para as respostas certas. Escrevo textos em caderninhos, bloquinhos tecnológicos de tablet, para relê-los tantas vezes antes de torná-los públicos que alguns nunca são verdadeiramente aprovados, ficam lá encarcerados num arquivo qualquer para sempre.

Esse vício dos rascunhos vai se espalhando pela vida, eu confesso. Vira ensaio, sabe como? Tipo quando a gente fica na frente do espelho fazendo caras e bocas e ensaiando o que vai dizer naquela conversa ou como vai reagir àquela situação. Esses rascunhos roubam o sono. Você deita na cama e começa a planejar o dia seguinte, pensar no que e como fazer suas coisas, com quem vai cruzar.

Dependendo da profundidade do hábito, revisa-se até aquilo que já foi e não tem mais jeito de melhorar. Pensa-se incansavelmente no que já aconteceu e se enche de "e se"s tão maléficos para nossa paz de espírito.Perde-se.

A conclusão que pretendo traçar por meio dessas breves linhas de reflexão não é nada surpreendente mas, mesmo assim, parece escapar do obvio, as vezes. Viver aprisionado nos rascunhos é não viver. Ensaiar para que tudo saia certo é perder a casualidade da vida, eliminar as chances do novo. Ficar tanto tempo aprimorando a mesma coisa e deixar de aproveitar a deliciosa experiência do desconhecido. É ainda, e sobretudo, falta de humor, incapacidade de rir de si mesmo. Aí, te pergunto, vale a pena ser rascunho?