A grama do vizinho é sempre mais verde na blogosfera

sexta-feira, junho 28, 2013 Bruna Resende 0 Comments

Escrevo blogs há 13 anos. Na minha época, blog era um diário virtual e a gente contava da vida, discutia encanações juvenis, falava que o menino bonito da escola tinha dado “oi” no corredor. Éramos uma comunidade confessional, aberta às experiências alheias, sem críticas, mas sem maldade. Os golpes cibernéticos eram raros e por isso ninguém ligava muito em se preservar. Claro que usávamos “nicknames” e costumávamos abreviar os nomes, transformá-los em siglas.

Era uma época boa. A gente aprendia com histórias alheias e não existia blog de moda, tecnologia e não sei mais o quê. Existiam sites e portais desses assuntos, mas blog era coisa de adolescente. Talvez, por isso mesmo, ninguém se preocupava em montar histórias irreais de vida boa. A gente só vivia. Ninguém se preocupava se o prato era lindo, apenas se era gostoso. A gente não queria ser magra ou gorda para aparecer bem na foto do Instagram. Tínhamos sim a aquela preocupação de ser a mais bonita da sala, no colégio. Só isso.

Depois, a internet foi mudando, sofisticando suas ferramentas de compartilhamento. Foto digital ficou fácil, edição profissional também. Hoje, conta-se nos dedos quem escreve em blog porque gosta de escrever, até porque hoje o conteúdo é feito massivamente por fotos de tudo quanto há de bom na sua vida, não precisa falar muita coisa. Os blogs viraram uma vitrine de vidas perfeitas, felizes, completas. É um espaço de gente bem amada, que alcança seus objetivos, que tem dinheiro sobrando para tudo.

Por isso que quando você vai navegando de página em página fica com a sensação que a grama do vizinho é mais verde. Parece que todo mundo tem a vida fácil, só a gente que não. Só a gente dá fora, estoura o cartão de crédito, tem que economizar para conseguir o que quer, trabalhar em escritório ou de pé, atendendo no balcão da loja. Aí vem a pergunta, como é a dinâmica da via boa que a gente vê nos blogs, no Instagram e nos feeds que seguimos? Acho que são quatro tipos.

Gente de sorte: aquelas bem nascidas, bem casadas ou ganhadoras de loteria. Essas realmente já vieram a blogosfera com 50% mais chances de postar fotos lindas, comer coisas ótimas, fazer viagens incríveis, casar-se num lugar maravilhoso, vestir todas as tendências e sentar na primeira fila da Fashion Week. Se são mais felizes, não dá para saber, porque a vida tem seus altos e baixos para todo mundo, né? Essas são as moças da tesourinha do Mickey (quem lembra?), do “eu tenho e você não tem”. Nunca entendi porque tanta audiência, mas...

Gente talentosa: aquelas pessoas que tem uma coisa a mais. Cantam bem, são carismáticas, escrevem textos que vão direto no coração, ensinam utilidades, dão dicas boas, são artistas. Esse tipo de pessoa é aquela que a gente agradece a Deus por ter blog, canal no Youtube, porque dão a maior força. Sãopessoas que produzem aquelas fotos que vão além de lugares legais e comida chic, mas são fotos que você quer emoldurar para lembrar de ser feliz cada vez que olhar.

Gente esforçada: Não é bem nascido e, cá entre nós, não tem nenhum talento especial dentro da rede, mas curte a ideia do blog e corre atrás. Busca coisas interessantes para compartilhar, trabalha duro, aprende até a editar HTML e usar o photoshop sozinho só para deixar o espaço legal. Gosta de interagir com os leitores e, um dia, acaba tendo seu lugarzinho ao sol graças a dedicação e seriedade.  

Finalmente, tem gente que a grama não é tão verde assim. Gente que acha que realmente existe uma carreira chamada “blogueira” ou “it girl”. Aqueles blogs estranhos que chegam até a ser engraçados de tanta forçação de barra. Esses, a gente acaba largando de lado rápido!


O importante nessa brincadeira de escrever / ler blog é a gente não se comparar, não achar que a grama do vizinho é mais verde, de fato. É uma besteira danada se jogar para baixo por causa do mundo de faz de conta da Internet. Acho que o conteúdo que consumimos, independente da fonte, deve ser inspirador, alto astral, algo que te motive e te faça melhor. Além do mais, moda e auto-estima são importantes, mas conteúdo é ainda mais! Sem contar que se faltar talento e sorte, o esforço está aí para todo mundo.

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Motorgirl style

quinta-feira, junho 20, 2013 Bruna Resende 0 Comments

Nesse inverno, estou caída por botas estilo "motorbike" (pelo menos, foi assim que vi as lojas as classificando. Na minha época, chamava-se coturno, eu acho).


Essa fofuras custam:

1- Dakota Moto Biker R$ 249,90
2- Dakota Bota Coturno R$ 199,90
3- Dumond Mota Biker R$ 399,90
4- FiveBlu Tachas Preta R$ 359,90
5- FiveBlu Tachas Coturno R$ 379,90
6- Orcade Bota Cowboy R$ 379,90

Será que vale o investimento?

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Esse gigante chamado Brasil

quarta-feira, junho 19, 2013 Bruna Resende 0 Comments

“O Brasil acordou”
É o que tenho ouvido o dia todo quase que como um novo clichê. As manifestações que tomam conta das principais capitais do país, tiveram início após o anúncio do aumento das passagens. Verdade é que o governo até tentou minimizar o impacto, através da redução dos impostos para as empresas de transporte público. Não por interesse em ajudar o povo, mas para fazer com que os índices de inflação não sofressem muito por mais um aumento de preços na cesta de produtos de consumo popular.

A partir daí, as manifestações começaram em números pequenos e, apesar de dividirem opiniões, estão ganhando força a cada dia. Creio que a resposta agressiva e repressora da polícia no primeiro momento, apitada, claro, pelos governantes, serviu para ascender ainda mais um sinal de alerta. Isso porque numa sociedade democrática, as manifestações são direito do cidadão e a polícia está aí para defender estes direitos, desta forma, deveria assegurar que as passeatas e movimentos ocorressem de forma ordeira.

Os vândalos infiltrados no movimento ajudaram a distorcer o cunho pacífico que as manifestações objetivavam ter e acabaram, indiretamente, ajudando a justificar a reação desproporcional da polícia (me empresto de mais um novo clichê recente).

Porém, no meio desta suposta revolução, há várias nuances que devem ser consideradas, as quais quero tentar pontuar da melhor maneira possível. A maior parte das ideias que trago aqui são apropriações de algum discurso de terceiros e nem sei exatamente quem foram os autores, mas vale o debate.

Política e o Direito Genuíno
Havia sim grande apelo político quando essas manifestações começaram. Diz-se o tempo inteiro que os jovens saíram do Facebook, mas eu que sou heavy user de internet e redes sociais, só comecei a ver articulações online depois das primeiras manifestações. Dito isso, temos que lembrar que as lideranças sindicais deste país estão atreladas ao PT (em sua maioria, pelo menos), logo, também não foram eles que iniciaram o movimento. Lideranças de bairro?! Muito pouco provável. Liderança estudantil pode até ser, mas, novamente, teria sido um enxame de imagens compartilhadas no Facebook e no Twitter (podem me corrigir se alguém aí tiver registro de articulação aberta e popular até a quarta passada. Como estou em BH e os protestos chegaram aqui depois, pode ser que eu não tenha visto).

Agora, creio que dada à notoriedade dos fatos e da resposta ineficaz de nossos governantes, o movimento vem ganhando aliados de todos os cantos, ficando mais forte. Dessa vez sim, com pessoas instruídas e, portanto, melhor articuladas. A briga sobre os 0,20 já virou coadjuvante no rompante de revolta que parece estar assolando os jovens deste país. Hoje também tenho visto as incansáveis correntes de compartilhamento 'facebuquianas'. Os jovens lançam mão de suas ferramentas.

Ouvi várias pessoas dizendo “o mundo está com os olhos voltados para cá. A hora de protestar é agora”. Não entendi. Querem as famosas mudanças “para inglês ver”? Não aprenderam pela onda recente de revoluções em países asiáticos que quem faz a mudança é o povo que compõe aquela nação? Não. Nem a ONU nem o Obama vai vir ajudar. Essa onda tem que continuar com ou sem evento, com ou sem imprensa internacional cobrindo.

Dito isto, apresento uma das opiniões que ouvi numa rádio local. Será que faz sentido tocar o terror agora? Estamos vivendo o prelúdio de uma série de eventos esportivos que acontecerão no país. As estruturas para receber estes eventos já estão prontas, logo, protestar contra Copa agora é um pouco tarde. Deveria ter acontecido antes da construção dos estádios e de todo investimento ora imobilizado nas mais diversas obras de infra-estrutura e nos bolso dos corruptos (sim, eles já levaram o deles faz tempo).

Afastar o turismo daqui só agrava a situação. Se o país não tiver o giro esperado em seus hotéis, bares, restaurantes e lojas locais, os primeiros a levar tinta serão os empresários e os investidores e, logo atrás na fila, o cidadão de bem que precisa do emprego que vai deixar de existir dado a falta de demanda.

Polícia é composta por cidadãos, não por ET's ou políticos
A polícia acabou sendo a grande vilã dos manifestos. Fala-se dela até mais que do próprio governo. Diante das ações violentas da polícia e a separação que se tem feito dela para os demais cidadãos, faz parecer que a força policial é um terceiro fator que não se enquadra em população nem em poder político. Engraçado, porque eles são tão cidadãos quanto aqueles que protestam, dependem da misericórdia do governo para alcançar condições melhores de trabalho e um salário justo.

Por isso, é esquisito quando os manifestantes acham que eles são inimigos e a situação atual até faz lembrar daquele segundo Tropa de Elite, em que se mostrava um cenário no qual a polícia é pau mandado de governo e faz o que precisa fazer para não ser exonerado. Em caso de algumas manifestações mais violentas, faz o que precisa fazer para não ser linchado.

Enfim, a polícia deve manter a ordem e agir com energia em relação a vândalos, saqueadores e outros marginais que tem se imiscuído aos protestantes e idealistas desse movimento. Não devem jamais abusar do seu poder e agir de forma agressiva ou injusta em relação àquelas que estão ali os representando também. A população por sua vez deve respeitar  as autoridades, não os atacando e infernizando o dia de trabalho daqueles que só pretendem lhes garantir a segurança.

Digo Sim aos Protestos
Concordo com protestos sim, por um país mais justo, igualitário, com oportunidades. Penso que os grandes dois problemas do nosso país são a corrupção (integrada a alta carga tributária que vigora tão somente para sustentar esses políticos canalhas e corruptos) e educação. Se não fôssemos extorquidos a cada simples aquisição, através da retenção média de 38% de impostos, a vida seria imensamente melhor. E se tivéssemos educação para fazermos o país crescer como uma nação, o resto dos problemas seria solucionado.

Por isso acho a luta justa sim, mas precisa ser mais elaborada. Devemos exigir a redução da carga tributária e a redução do custo da máquina. Devemos nos unir aos professores e exigir melhores condições de trabalho, salários dignos e uma escola eficaz no seu papel de ensinar. Com cidadãos instruídos, conscientes na hora de votar, bons administradores dos seus recursos, tenho certeza que a saúde virá, o transporte melhorará e o povo será mais próspero.

Devemos lutar por produtos internos mais competitivos, para não vermos nossas indústrias esmagadas pela importação. E isso é pra já. Do contrário, iremos ver a crise das indústrias de base (que nos últimos três anos teve crescimento negativo) se alastrar por outras ramificações da economia e gerar uma crise generalizada, cheia de desempregos e faltas.

É para essa realidade que digo #AcordaBrasil

Segue uma miscelânea de links e opiniões:


Aqui um link com vários vídeos: http://www.treta.com.br/2013/06/protestos-pelo-brasil-imprensa-x-internet.html

Esse vídeo é inglês e vale a pena ver: https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ZApBgNQgKPU

Essa página mostra o que está rolando na minha cidade, BH: https://www.facebook.com/BHnasRuas?hc_location=stream

Essa é uma das coberturas fotográficas mais bacanas que vi até agora: http://www.lost.art.br/protesto_sp_130613.htm

Esse vídeo especifica 5 bons motivos para uma revolução: http://www.youtube.com/watch?v=v5iSn76I2xs

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